Higienismo no combate ao crack: Diretora do Cratod discorda de internação forçada e é demitida
A diretora geral do
Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), Marta
Jezierski, foi demitida na última sexta-feira (18) por discordar da nova
política de incentivo às internações forçadas de usuários de crack
adotada pelo governo estadual.
O Cratod é o principal
centro de tratamento de dependentes químicos em São Paulo e pilar de
toda a política pública de combate ao uso de drogas. Por isso foi
escolhido para sediar o plantão judiciário inaugurado segunda-feira para
agilizar casos de internação forçada de dependentes de crack, batizado
Operação Centro Legal – Fase 2.
A Marta Jezierski,
responsável desde 2010 por coordenar todo atendimento a dependentes
químicos no Cratod, se posicionou contra a nova política adotada pelo
governo estadual e foi demitida pelo coordenador do serviço de Saúde da
secretaria de Saúde do Estado, Sebatião André de Felice.
Marta é considerada uma
das maiores especialistas do país em tratamento de dependentes químicos e
trabalha desde 1987 na área. Segundo ela, o governo do estado tentava
há mais de dois anos implantar a política priorizar as internações
forçadas mas esbarrava na recusa por parte dos médicos especialistas.
“Propusemos outras
alternativas como a implantação de um consultório de rua na Cracolândia,
a instalação de um telão onde as pessoas poderiam ‘doar’ mensagens de
apoio aos usuários, ampliar o horário de atendimento do Cratod. Mas para
isso o Estado precisaria investir em recursos humanos e contratar mais
médicos. Me opus à atual política e fui demitida”, disse Marta.
A assessoria de imprensa
da Secretaria de Saúde do Estado confirmou a saída da coordenadora do
Cratod mas não informou os motivos.
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